Deus
levou o apóstolo Paulo a uma experiência transcendente (II Cor. 12:2-4), mas, em
seguida, permitiu que ele caminhasse no vale da angústia para evitar que se imaginasse além
da total dependência da Sua graça.
A palavra traduzida por “espinho” é
impotente para transmitir as profundezas da expressão original utilizada pelo
apóstolo Paulo: a palavra grega skolops – algo como empalar. No mundo antigo
era uma das formas de punição de criminosos e traidores: fincavam um pedaço
pontiagudo de madeira no chão, uma estaca, a ponta afiada era introduzida no indivíduo, e ali o
condenado agonizava. Paulo usou essa imagem para descrever sua aflição. Algo
dolorosamente pontiagudo.
Paulo
clamou ao Senhor, e a resposta veio de forma inesperada: “A minha graça te
basta, o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Cor. 12:9a). Ele entendeu que o sofrimento
era uma gigantesca oportunidade para o desenvolvimento do poder de Deus. O
sofrimento sufoca o eu permitindo a expansão da inigualável força de Deus e,
consequentemente, os músculos da fé são vigorosamente exercitados. Ao ganhar
musculatura a fé ocupa espaços outrora vazios.
O
sofrimento não é um exercício apenas para os músculos da fé do sofredor, as
pessoas que o circundam são compelidas a se mover intercedendo, por isso Tiago diz: “orai uns pelos outros”. E eu acrescento: “Para que a vossa
fé não enferruje com orações voltadas somente para si mesmo”.