quarta-feira, novembro 26, 2014

Botton e Sua Cela Dourada

Alain de Botton, no livro “Religião para ateus”, aspira vivenciar todos os elementos da vida religiosa, menos a devoção. Ele abre o livro afirmando que a “pergunta mais enfadonha e inútil que se pode fazer sobre qualquer religião é se ela é ou não verdadeira”. Botton celebra o self-service religioso com fins terapêuticos. Um filósofo desinteressado no alicerce do pensamento lógico? Será que nunca passou pela mente desse filósofo ateu que ao lutar em todas as frentes existenciais se confrontará com Deus em tudo? Botton nos convida a abraçar o seu pensamento irracional, enquanto ironiza a suposta não racionalidade da religião cristã.
Entristece-me a postura de Botton porque apesar de circular na alta cultura, ter uma vida rica e privilegiada, ele não sabe nada sobre a Verdade. Botton diz querer resgatar belos aspectos da religião cristã, mas antes precisa ser resgatado da sua cela dourada que lhe impediu de ver a sabedoria e profundidade do cristianismo. O cristianismo consegue falar a linguagem das pessoas mais simples, mas também consegue escalar a torre dos eruditos; e não se detém ali, está sempre um passo à frente do mais sábio dos homens. Não é toa que mentes excepcionais como Tomás de Aquino, Pascal, Kierkegaard, C. S. Lewis e inúmeros outros abraçaram o cristianismo.            
Botton me lembra do jovem peixe de uma historinha. Um velho peixe perguntou ao jovem peixe que nadava de um lado para o outro: “Como está a água?”. Após alguns instantes de silêncio, o peixe jovem disse: “O que é água?”.

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